sexta-feira, 8 de junho de 2012

CAPÍTULO 02





— O táxi está nos esperando, Diana! – disse um homem com reverência.

Diana era a mãe de Ygor, Diana Campbell. Além de ser uma mulher segura, que apesar de ter seus quarenta e nove anos, porém não demonstrava tê-lo, devido a sua boa forma. Tinha a pele morena clara, cabelo curto e preto e o rosto redondo como uma lua cheia, os olhos castanhos claros e brilhantes, que ao contrário do filho, a única semelhança entre ambos era a boca. Tinham bocas grandes, mas bonitas.

— É, James! Meu filho acabou de me ligar, avisando que não vem mais não. Aquele malandro!

Esse era o senhor James Mason, um grande amigo de Diana. De cabelos grisalhos, pele bronzeada e ligeiramente enrugada pela idade, tendo cinquenta e um anos, olhos azuis como as águas de uma piscina e muito sorridente.

— Não esquenta não! Os jovens de hoje não querem mais saber de andar com os pais. Aposto que surgiu uma festinha pra ele ir e por isso desmarcou com você. Mas o que você tem a fazer, Diana, é pensar em si mesma — apalpando com carinho os ombros da amiga, James continuou — Tão linda! Você tem mais é que aproveitar a vida, esquecendo um pouco de seu filho e pensar nesse passeio que tenho certeza que será inesquecível. Agora, alegra-se!

— Eu, linda? — Diana soltou uma gargalhada jubilosa e pegando em uma das mãos do amigo, continuou — Sabe, James, você tem toda a razão. Olha, eu não sei o que seria da minha vida se não tivesse te conhecido.

Ao ouvir aquelas palavras sinceras da amiga, a expressão no rosto de James tornou-se exultante e em seguida ele disse:

— Me dê a sua mão e vamos para o taxi que está nos aguardando. Tem um jatinho pra eu pilotar daqui a pouco e também não vejo a hora de chegar a tal ilha.

Diana entrou no táxi: um conversível branco; sentou-se ao lado da janela e olhou para fora, com uma mínima esperança de que seu filho tivesse mudado de ideia. Por dentro, queria mesmo era que ele fosse junto com ela. Mas aos poucos se conformou, porque sabia que ele não viria mais. Afinal, sorriu sentada ao lado de seu grande amigo.

Diana e James eram parceiros na amizade e no trabalho. Trabalhavam com turismo, fazendo excursões por várias partes do mundo. E chegando a uma pista de voo, os dois se depararam com cinco turistas que os aguardavam apreensivamente. Ambos embarcariam num jatinho de turismo, onde o piloto seria o próprio James.

— Hei, vocês demoraram — chiou uma mulher loira e muito elegante, aparentando ter uns trinta e poucos anos.

— Desculpem-nos. Mas... — disse Diana conferindo o relógio sobre o pulso — estamos atrasados um minuto.

— Estão todos aqui? – perguntou James.

— Toda a equipe do jornal... – checou Diana, correndo os olhos em cinco pessoas demasiadas de acessórios para produção de tevê — Espere. Ta faltando o casal de universitários.

— Casal de universitários? Eu pensei que essa excursão era de exclusividade a equipe do meu jornal — retorquiu a loira.

— Ali vêm eles — disse Diana, apontando com os olhos um jovem casal de namorados que vinha caminhando abraçados tranquilamente e carregando cada qual uma mochila nas costas. O rapaz, armado com um sorriso, abanava a mão para o grupo. Ao contrário do rapaz, a moça tinha o rosto menos expressivo e nem sequer cumprimentou ninguém.

— E aí galera. Beleza?

—Vai ficar beleza quando já estivermos nessa ilha – respondeu a loira, dando uma girada de cabeça, deixando os cabelos loiros e sedosos esvoaçarem — Agora, por favor, podemos ir?

Finalmente, todos entraram em um jatinho antigo, porém conservado, pertencente ao senhor James. Ambos estavam ansiosos para conhecerem tal ilha, a fim de explorarem-na e em busca de novas descobertas, que ninguém conseguiu encontrar. Entre eles, estava uma equipe de produção de jornalismo, que faria uma matéria no local, e o casal de estudantes que faria uma pesquisa para a faculdade. O que eles sabiam a respeito era que aquela Ilha causou um alvoroço no mundo todo, por seus mistérios escondidos. A mídia ficou em cima disso por um bom tempo, até que calara totalmente. Era esse o motivo principal, que levava esses turistas a conhecerem essa ilha. Mas mal podiam imaginar o que os aguardariam.



       Dentro do jatinho, além de Diana e James, estavam mais seis pessoas, que eram os turistas.

Formando a equipe de um jornal de Nova York estavam: 

San, o cameraman — um homem atrapalhado e um tanto engraçado, com o cabelo negro de aparência molhada colado na cabeça por gel, e que não sossegava nunca, mexendo daqui e dali em sua câmera profissional a todo o instante.

 Brian — um mulato forte, parecendo um lutador de boxe, que com sua força física se encarregaria de carregar os equipamentos. 

Stephany: a jornalista — a loira que há minutos aguardara Diana ansiosamente na pista de embarque, chegando ao extremo de pegá-la pelo cabelo pelo fato de ter atrasado um minuto para o voo. Esta tinha um jeito sexy de vestir, de andar e até mesmo de falar. 

Mário, também jornalista — usava um cavanhaque e era conversador; de origem brasileira, foi morar nos Estados Unidos aos quinze anos e por lá ficou até hoje, tendo recentemente vinte e seis anos, seguindo essa carreira que amava.

 Emily, fotógrafa, mas que também servia a equipe como colaboradora — uma morena não tão bonita, por ser meio desleixada, a começar pelo seu cabelo que estava amarrado pra trás formando um rabo de cavalo, e que não fazia questão de se maquiar, além de se vestir muito mal. Usava uma camisa que não combinava nada com a sua longa saia, chegando ao joelho.

Havia também um jovem casal de estudantes universitários, que partiram naquela viagem para fazerem um trabalho que valeria muitos pontos, envolvendo suas tão sonhadas profissões: geógrafos. Seus nomes eram:

Nathalie — com seus dezenove anos, era muito bonita, o cabelo tingido de vermelho intenso batendo na cintura, a pele clara e olhos verdes-esmeralda. E Thomas, o namorado de Nathalie — de vinte e um anos, ainda não aparentava ter barba, parecia um modelo de tão bonito que era, mas o que atrapalhava nele era certa expressão de crítica que tinha no rosto. Ambos não cansavam de se beijar.  

Já em altitude, James pilotava o jatinho, pertencente a seu pai, tranquilamente. Ele acreditava que a memória de seu pai estava sempre fixa e presente naquele jatinho e que nenhum outro, fosse ele o mais moderno e sofisticado que fosse, poderia substituí-lo. A fé que carregava naquela herança deixada pelo falecido era muito grande, e se algo acontecesse a este, viria a sofrer bastante. Pois nesses trinta anos de trabalho, o avião passou apenas por pequenos reparos e o tempo parecia conservá-lo cada vez mais, talvez devido ao cuidado especial e ao zelo recebido de seu mais novo dono.
James, desde pequeno, sempre amou aviões. O seu pai, que faleceu quando ainda era criança, era aviador. Pode ter sido esse o motivo que despertou esse interesse nele de seguir a profissão do pai. O que importava era que, com aquele par de olhos azuis, ele estava sempre ali, atento, diante do painel de controle do avião. Talvez, vivesse uma vida solitária, quando não estava em serviço, já que nunca havia casado e muito menos, tido filhos. Não que ele seja um homem sem amor, muito pelo contrário, James possuía um amor muito grande por seus animais. Na casa dele havia três cachorros, sendo um Pastor Alemão e dois vira-latas. O que não implica que não tenha seus relacionamentos, sobretudo, nenhum fixo. O que acontece é que o coração dele, em seu peito, batia forte por uma pessoa próxima, desde o tempo de colégio, mas que até então não tinha sido correspondido, tendo passado por diversas desavenças. E esta pessoa estava mais próxima do que ele imaginava. 

     Depois de algumas horas de voo, guiado por um GPS, James avistou uma ilha montanhosa e não teve dúvidas de que era a que tanto procurava. Diante de seus olhos, via lá embaixo um pedaço de terra, cercado por árvores de todas as espécies. Era uma ilha muito bonita, por sinal. Tudo tão verde, tão fascinante. Admirado, disse baixinho:

— É aqui mesmo! Chegamos.

Ventava muito, o que dificultava um pouco a James de encontrar um lugar seguro para aterrissar o avião. Teria que arrumar um lugar plano, porém não conseguia localizar. Em um momento, ele avistou atrás de umas árvores, um local que parecia ser adequado para a aterrissagem. Ele arriscou certo de que em instantes estariam no chão. Mas, um susto ocorreu, deixando todos dentro do avião em pânico. O avião batera sobre a ponta de uma árvore, fazendo com que um suor descesse da testa de James.

Diana tentava acalmar os turistas, estando ela, talvez, até mais nervosa que eles.
Passando as árvores, James deparou com um susto maior ainda. Não havia como aterrissar o avião naquele lugar que imaginava ser acessível. Próximo dali, existia um rochedo. O avião já estava muito baixo e seguia rumo aquele paredão de rocha. Se ele não fizesse algo, todos morreriam. Mas como James era um piloto de mão cheia, com muito esforço conseguiu inclinar o avião para cima, conseguindo escapar por pouco daquele rochedo. Aliviado, agradeceu a alma do pai pela benção recebida. Então, ele notou que por trás daquele rochedo que haviam milagrosamente escapado, havia um lugar plano, de mata rasteira; e o impressionante era que não havia nenhuma árvore por lá. Sorrindo, falou:

— Agora, poderei aterrissar sem medo. 

 Então, pousou o avião, dessa vez, sem nenhum esforço.

Todos já haviam perdido o susto. Stephany, quebrando a tensão que permanecera vagando na atmosfera, perguntou:

— Morremos e estamos no céu?

— Espero que sim — respondeu San.

Diana, preocupada com James, foi até a cabine vê-lo:

— Você foi um herói, James!

— É. Por um momento, imaginei que iríamos morrer.

Os dois saíram do avião e quando os turistas avistaram James, foram de uma vez só perguntando:

“O que aconteceu?”
“O que foi aquilo?”
“Como é que você fez?”

— Gente... acalmem-se! Nem eu sei bem o que aconteceu, foi tudo tão rápido. Eu só pensava que tinha que fazer alguma coisa, senão morreríamos. Só sei que se não tivesse conseguido desviar o avião a tempo daquele rochedo, estaríamos agora todos mortos.

— Galera, já que está tudo bem, vamos esquecer isso. Lembrem-se que viemos aqui foi para explorarmos a ilha e não, ficarmos aqui conversando. Temos muita coisa a fazer pela frente, não é? — falou Diana.

— É isso aí! — concordou Brian. — E eu terei que carregar todo esse peso, não é mesmo. — Ele se referia aos equipamentos de jornalismo, além das barracas desarmadas que seriam montadas no lugar escolhido, do qual serviriam como proteção do sol para alimentos, água e acessórios.

— Mas antes... — todos voltaram a atenção em Diana — queria dar uma palavrinha com vocês.

— Diga, senhora Campbell – disse Mário com reverência.

— Obrigada, Mário! Bom, o que eu tenho a dizer é breve, nada que irá tomar o longo tempo que teremos pela frente. É o seguinte: sei que alguns aqui presentes como o Mário e a Stephany — os dois citados fitaram Diana atentamente, ambos com as testas franzidas — já nos acompanharam antes em outras excursões para vários pontos do planeta. Já viajamos antes para a Amazônia, não foi?

Ambos confirmaram com a cabeça. Mário deu um suspiro que demonstrara saudade.

— Sim, a minha terra natal.

— Exato. Certamente os dois já devem ter falado com vocês sobre a minha forma séria de seguimento, onde me entrego de corpo e alma ao que eu faço: a minha profissão. No entanto, existe um pequeno detalhe nessa excursão que se diferencia das outras. Sei que já deixei isso bem claro antes de partirmos, mas repito que nessa excursão, em especial, estarei me misturando a vocês como uma turista. Porque que nem vocês, esta é a primeira vez que eu e James pisamos nesta ilha.  Então, tudo aqui pra mim também é muito novo.  Todos aqueles rumores da mídia, acredito que são apenas rumores. E assim como vocês, tenho as minhas dúvidas de que o governo americano tentara nos calar da verdade. E confesso estar muito curiosa em desvendar esse mistério, levar alguma novidade para o povo americano com a nossa volta. Ressalto ainda que além de minha profissão atual como guia turística, que nessa excursão infelizmente não ajudará muito, também sou formada pela Harvart[1] em biologia e geografia, tendo amplos conhecimentos sobre animais, aves, plantas e todos os tipos de vegetações. Então quaisquer dúvidas que tiverem ao longo de nossa jornada por essa ilha podem me perguntar sem hesitar, pois se tiver ao meu alcance, terei o prazer em responder.

— Eu não hesitarei em perguntar nadinha — murmurou San.

— Você não tem que perguntar nada, imbecil — desdenhou Stephany — Lembra-se que você está aqui apenas a filmar, mais nada. Seu único trabalho é segurar essa câmera e deixar que eu e o Mário fazemos as perguntas, ok? Ou você se esqueceu quem são os jornalistas aqui? — aproximando de San, a jornalista que além de sexy, demonstrou ter um comportamento venenoso, ergueu o dedo indicador no rumo do rosto do homem, sussurrando — Não se esqueça que fiz um favor pra sua esposa arrumando esse emprego pra você, e do mesmo jeito que te coloquei nesse cargo, poderei te tirar com um simples estralo de dedo.

TREC.

 San ouviu o estralo de dedos próximo ao seu ouvido e enrubesceu diante dos colegas, permanecendo cabisbaixo.

— Nós também iremos fazer muitas perguntas, senhora Campbell. Eu e minha namorada — disse Thomas, entrelaçando a namorada e lhe beijando o rosto — Estamos estudando para biólogos.

— Ah é? Isso é bom — Diana pestanejou, estudando rapidamente o rapaz que trajava uma roupa de grife, mesmo tendo se embrenhado numa ilha. Concluiu ser um desses mauricinhos que o pai banca a faculdade, além de sustentar com uma farta mesada — E por acaso você estuda na Harvard?

— Sim — respondeu o rapaz altivo. — Eu e minha namorada.

A moça deu um sorriso forçado.

Dessa vez, Diana avaliou o casal, suspeitando por suas expressões de que não tivessem levando nada a sério o árduo da faculdade. Virando-se para os outros, disse:

— Bom, acho que isso é tudo. Espero que essa excursão fica pra história. Desejo a vocês jornalistas, uma matéria formidável sobre essa ilha. E ao casal — Diana pronunciou “casal” com entonação no momento que presenciara o rapaz apalpando o bumbum da namorada — Entendo muito bem que são jovens e estão com os hormônios a mil. Mas se querem mesmo fazer uma boa apresentação na classe, prestais mais atenção ao que circula a suas voltas e deixam o momento de acasalamento para outro momento.

O casal voltou a se comportar prudentemente ao comentário da guia, mas não ligaram muito ao fato, continuando com a mesma naturalidade.

— Ah, e só mais uma coisa... — lembrou-se Diana.

— O que mais falta pra essa mulher falar? — cochichou Nathalie no ouvido do namorado, que finalmente demonstrou uma capacidade mútua de além beijar, também falar, mesmo que acompanhado por um muxoxo.

Sardônico, Thomas também soltou um muxoxo, abraçando a namorada por trás.

 —... Bem, em todas as excursões que eu, juntamente com James fazemos, — os dois se entreolharam, correspondendo com um sorriso — a gente faz uma oração a Deus pedindo a sua proteção. A gente sempre faz a oração antes do voo, assim que vamos embarcar. Porém eu e James esquecemos... Deus que nos perdoe! Sei também que isso não implica o fato de termos quase morridos a bordo — Diana não conseguiu repreender um riso e nem os demais. Ignorando alguns comentários, continuou — Mas agora que me lembrei, não nos custa nada fazer uma corrente numa oração pedindo a proteção divina e que tudo ocorra bem conosco esses dias que formos passar nessa ilha. Por que tudo aqui é um mistério e não sabemos o que iremos encontrar pela frente, não é mesmo? Então todos deem as mãos e vamos rezar uma Ave-Maria.

— Ai, que caretice! — desdenhou Nathalie, revirando os olhos.

Sobre contragostos de uns e devoção de outros, por fim o grupo deu-se as mãos e sequencialmente rezaram a oração imposta por Diana, debaixo de um sol cintilante que anunciava chegar ao meio-dia. No entanto, sequer imaginavam que um ser com uma visão extraordinária, capaz de enxergá-los perfeitamente há dezenas de metros os observavam perigosamente.


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[1] Uma das instituições educacionais mais prestigiadas do mundo, bem como a mais antiga instituição de ensino superior dos Estados Unidos.

Um comentário:

  1. Pessoal, espero que vocês tenham gostado desse segundo e último capítulo que posto no blog a pedido de muitos leitores... Agora se te agradou e lhe deixou com gostinho de quero mais adquira aqui o exemplar por apenas 27,90 http://www.ciadoslivros.com.br/aguia-assassina-p546489/. Ainda falta mais 32 capítulos para vocês lerem e se emocionarem muito. Um forte abraço a todos e permaneçam com Deus.

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