sábado, 9 de junho de 2012

Degustação do primeiro capítulo


                 Imagem criada pela parceira e blogueira Jéssica Resende



    Bom pessoal, pensei bem e resolvi compartilhar com vocês o primeiro capítulo do livro, no momento em que os personagens principais Hilary e Ygor se conhecem. É só mesmo para despertar a curiosidade de vocês. Mas a coisa começar a ficar agitada mesma só mesmo a partir do quarto capítulo e isso vocês só poderão conferir ao adquirir o livro.
    Lembrando que vocês devem ler o prólogo primeiro que encontra nesse blog. Pelo que tenho observado, as pessoas não estão lendo o prólogo e é de total importância.
    Espero que gostem e deem uma nota sobre a minha forma de narrativa. Qualquer critica será muito bem vinda.
    Até mais e boa leitura!




CAPÍTULO 01










— Alô! — atendeu ao telefone, um rapaz robusto, moreno claro, olhos puxadinhos e pretos, cabelo com um corte de militar e também preto, debaixo de um edredom estampado por símbolos japoneses, vestido apenas de cueca boxe. Ele conversava sonolentamente, com os olhos ainda cerrados.  


— Ygor, filhinho! Já arrumou o seu quarto? Não quero saber de bagunças aí em casa, hein? — falou uma voz de mulher do outro lado da linha.


— Ô mãe, eu acordei agora mesmo...


— Você não levou mulher aí pra casa, não é?


— Não... Ô mãe, onde você tá, afinal?


— Estou aqui no Times Square[1] te esperando para a excursão como havíamos combinado. Você se esqueceu? Peraí... não acredito que você não se arrumou ainda Ygor?


— Nossa, mãe, eu esqueci! — sobressaltou o rapaz, pulando de sua cama — E agora, o que eu vou fazer? Será que dá tempo ainda?


— Seu irresponsável! Nunca poderia esperar isso de você...


— Calma mãe, dá tempo ainda.


— Se você se apressar, quem sabe, né?


— Então tchau, mãe - terminou o rapaz, metendo abruptamente o telefone no gancho.


— Droga! Eu ainda coloquei a porcaria desse celular pra despertar — resmungou Ygor, olhando furioso para um smartphone próximo ao telefone fixo que havia conversado com a sua mãe, sob a mesinha de cabeceira. — Eu devia jogar essa porcaria pela janela — ele pensou bem e sorrindo, disse — Ou melhor, não devia não. Tenho contatos valiosos nesse celular.


Ygor só tinha meia hora para se arrumar. Correu para o banheiro todo desequilibrado, derrubando tudo pela sua frente. Por lá escovou os dentes e molhou o rosto na água fria do lavatório. Voltando ao quarto, vestiu uma regata vermelha e uma calça jeans, cujo se esqueceu de fechar o zíper. E ainda com o guarda-roupa aberto, pegou a sua colônia favorita, espremendo alguns jatos pelo corpo. Ele aproveitou ainda e enfiou de qualquer jeito algumas peças de roupa dentro de uma mochila. Em seguida, agachou-se para pegar um par de tênis esportivo e calçou-os. Sem tempo nem para tomar café, ao passar pela cozinha, devorou uma banana que estava sobre a mesa numa fruteira, deixando a casca por ali mesmo. Comeria alguma coisa no caminho. Depois, saiu do apartamento e entrou no elevador a mil.


Para sua surpresa, viu que dentro do elevador estava a garota mais linda de seu colégio: Hilary Steven, filha de um dos empresários mais milionários de Nova York.


 Não era exagero dele, Hilary era uma bela jovem de cabelos lisos, compridos e negros; pele clara, como a de uma boneca de louça; olhos verdes; seios médios, combinando com seu corpo escultural de 1,68 metros. Isso, sem falar no seu jeito meigo de ser. Ele ficou todo sem jeito e ainda, quando viu que seu zíper estava aberto, todo envergonhado, fechou-o.


A garota tomou a iniciativa e, com um risinho no rosto, suavemente lhe cumprimentou:


— Oi!


— Oi, tudo bem? — respondeu ele, ainda muito sem-graça.


— Tudo. E você?


— To bem. Só um pouco apressado.


— Ah é? Você está indo viajar?


— Sim — balbuciou o rapaz, enquanto o visor numérico do elevador ia diminuindo a cada andar percorrido, sem que ninguém entrasse. — Vou com minha mãe para uma ilha aí, fazer uma excursão.


— Tá, mas que dia você volta? — perguntou a moça, inclinando ligeiramente para mais próximo do rapaz, apertando os olhos cintilantes.


— Eu não sei te dizer — respondeu ele, estranhando a pergunta de Hilary, embora seu coração se alegrasse — Quando minha mãe sai para essas excursões, ela costuma ficar por lá uns três, quatro dias no máximo.


— Sei. Que pena! É porque amanhã irei fazer uma festa em minha casa, para comemorar o meu aniversário de dezoito anos. Inclusive eu vim a este prédio, porque tenho uma amiga que mora no décimo segundo andar e vim convidá-la pessoalmente. Nós fizemos aula de balé juntas e há muito tempo não a via. Ela se chama Victória, conhece?


— Na verdade não — respondeu o rapaz coçando a cabeça.


— Então, eu pedi ao meu irmão para te dar o convite, já que vocês jogam futebol juntos e frequentemente se vêem. — E lendo nos olhos de Ygor ela concluiu — Ai... eu não acredito que ele não lhe entregou!


Ygor notou que Hilary ficara ligeiramente nervosa e pode perceber que isso a deixava mais bela.


— Não. Ele não me falou nada não.


— Eu mesma que devia ter te entregue o convite. Sabia que não podia contar com o imbecil do meu irmão. Mas se você voltar amanhã e quiser ir lá, a festa começará às dez da noite.


— Dez da noite... Dez da noite!


— O que foi? Você vai ficar aí? A porta do elevador já abriu.


— Ahn? Ah, é mesmo! – respondeu o rapaz, desconcertado.


Hilary tampou a boca com a mão, abafando o riso.


Saíram os dois em silêncio do prédio e sobre a calçada, onde passavam pessoas muito apressadas a ponto de atropelá-los, tratando de estarem no centro de Nova York, Hilary perguntou a meio ao som de buzinas de automóveis, sirenes da policia e vozerio dos pedestres:


— Você está de carro?


— Não. O meu está no conserto.


— É mesmo? O que houve com ele?


— Hã...Bem, na noite passada eu estava vindo de uma festa em um sítio. Daí, um cavalo atravessou na minha frente. Então, para não atropelá-lo, acabei batendo em uma árvore.


— Nossa! Você se machucou? — ao fazer a pergunta, uma brisa soprou os cabelos sedosos de Hilary para o seu rosto. Logo ela os desvencilhou para o dorso, prendendo algumas mechas pra trás das orelhas delicadas.


— Graças a Deus que não. Só que o carro amassou legal, viu.


— Ô meu Deus!... E você pretende chegar aonde com pressa e a pé? Se você quiser, o meu carro está estacionado logo ali, poderei te dar uma carona.


Ygor pensou muito em dar uma resposta instantânea. O convite era bastante tentador, porém em seu íntimo surgiu uma nova opção.


— Não, eu agradeço... mas acabei de mudar de ideia aqui.


— Como assim? 


— Não irei mais a excursão alguma com minha mãe. Já não estava muito a fim de ir, sabe? Passar o dia no meio do mato deve ser um tédio. Então, prefiro ir a essa sua festa que com certeza irá bombar.


— Êêêêêêêê!


Hilary começou a bater palminhas de felicidade. Mas ao se sentir corar com aquela atitude infantil parou de imediato. Logo, perguntou, retornando a postura de uma jovem madura.


— Mas e sua mãe, Ygor? Será que ela não irá ficar aborrecida com você, hein? Olha, eu não quero estragar um programa entre mãe e filho. Longe de mim.


— Não se preocupe. Vou ligar pra ela avisando que não vou mais. Ela irá compreender.


— Já que é assim, vou contar com a sua presença lá, ok?


— Pode deixar que vou ser o primeiro a chegar.


Ygor ficou parado alguns instantes, vendo a garota dos seus sonhos caminhar até seu carro que estava estacionado a poucos metros dali. Pensou e pensou, já imaginando a bronca que tomaria de sua mãe pelo telefone. Sentia-se um tanto arrependido por ter preferido ir a uma festa de última hora — mas que seria única, se tratando de ser o aniversário de dezoito anos da irmã de seu amigo que tanto balançava seus sentimentos — e não de ir àquela excursão planejada com muito carinho por sua mãe. Continuou pensando um pouco e finalmente disse para si mesmo, decidido:


— É, minha mãe que me perdoa, mas nunca que eu perco um festão desses!


Assim como ocorreu a Ygor naquela manhã, poderia ocorrer com qualquer pessoa em qualquer momento do dia. Isso se chama “escolhas”. A nossa vida gira em torno de escolhas, desde o momento em que acordamos até o momento que vamos dormir. É cada indivíduo quem decide que após ouvir o barulho irritante do despertador irá trabalhar ou não, quem decide se no café da manhã irá querer torrada com geléia ou com patê; leite ou suco. Quem decide também se no almoço irá querer algo mais leve, do tipo uma salada ou algo mais gorduroso como um bife volumoso e suculento acompanhado por batatas fritas. Ygor fez a escolha dele. Decidiu ir à festa de aniversário da irmã do seu melhor amigo, a quem tanto balançava o seu coração ao invés de ir ao encontro com sua mãe para um programa planejado há dias. Porém teria feito a escolha certa? Bom, isso só os dias poderiam dizer. Mas mal podia imaginar que aquela escolha mudaria pra sempre a sua vida.



[1] Famosa avenida de Nova York, sendo melhor definida como um grande largo, composto por vários cruzamentos e esquinas.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

CAPÍTULO 02





— O táxi está nos esperando, Diana! – disse um homem com reverência.

Diana era a mãe de Ygor, Diana Campbell. Além de ser uma mulher segura, que apesar de ter seus quarenta e nove anos, porém não demonstrava tê-lo, devido a sua boa forma. Tinha a pele morena clara, cabelo curto e preto e o rosto redondo como uma lua cheia, os olhos castanhos claros e brilhantes, que ao contrário do filho, a única semelhança entre ambos era a boca. Tinham bocas grandes, mas bonitas.

— É, James! Meu filho acabou de me ligar, avisando que não vem mais não. Aquele malandro!

Esse era o senhor James Mason, um grande amigo de Diana. De cabelos grisalhos, pele bronzeada e ligeiramente enrugada pela idade, tendo cinquenta e um anos, olhos azuis como as águas de uma piscina e muito sorridente.

— Não esquenta não! Os jovens de hoje não querem mais saber de andar com os pais. Aposto que surgiu uma festinha pra ele ir e por isso desmarcou com você. Mas o que você tem a fazer, Diana, é pensar em si mesma — apalpando com carinho os ombros da amiga, James continuou — Tão linda! Você tem mais é que aproveitar a vida, esquecendo um pouco de seu filho e pensar nesse passeio que tenho certeza que será inesquecível. Agora, alegra-se!

— Eu, linda? — Diana soltou uma gargalhada jubilosa e pegando em uma das mãos do amigo, continuou — Sabe, James, você tem toda a razão. Olha, eu não sei o que seria da minha vida se não tivesse te conhecido.

Ao ouvir aquelas palavras sinceras da amiga, a expressão no rosto de James tornou-se exultante e em seguida ele disse:

— Me dê a sua mão e vamos para o taxi que está nos aguardando. Tem um jatinho pra eu pilotar daqui a pouco e também não vejo a hora de chegar a tal ilha.

Diana entrou no táxi: um conversível branco; sentou-se ao lado da janela e olhou para fora, com uma mínima esperança de que seu filho tivesse mudado de ideia. Por dentro, queria mesmo era que ele fosse junto com ela. Mas aos poucos se conformou, porque sabia que ele não viria mais. Afinal, sorriu sentada ao lado de seu grande amigo.

Diana e James eram parceiros na amizade e no trabalho. Trabalhavam com turismo, fazendo excursões por várias partes do mundo. E chegando a uma pista de voo, os dois se depararam com cinco turistas que os aguardavam apreensivamente. Ambos embarcariam num jatinho de turismo, onde o piloto seria o próprio James.

— Hei, vocês demoraram — chiou uma mulher loira e muito elegante, aparentando ter uns trinta e poucos anos.

— Desculpem-nos. Mas... — disse Diana conferindo o relógio sobre o pulso — estamos atrasados um minuto.

— Estão todos aqui? – perguntou James.

— Toda a equipe do jornal... – checou Diana, correndo os olhos em cinco pessoas demasiadas de acessórios para produção de tevê — Espere. Ta faltando o casal de universitários.

— Casal de universitários? Eu pensei que essa excursão era de exclusividade a equipe do meu jornal — retorquiu a loira.

— Ali vêm eles — disse Diana, apontando com os olhos um jovem casal de namorados que vinha caminhando abraçados tranquilamente e carregando cada qual uma mochila nas costas. O rapaz, armado com um sorriso, abanava a mão para o grupo. Ao contrário do rapaz, a moça tinha o rosto menos expressivo e nem sequer cumprimentou ninguém.

— E aí galera. Beleza?

—Vai ficar beleza quando já estivermos nessa ilha – respondeu a loira, dando uma girada de cabeça, deixando os cabelos loiros e sedosos esvoaçarem — Agora, por favor, podemos ir?

Finalmente, todos entraram em um jatinho antigo, porém conservado, pertencente ao senhor James. Ambos estavam ansiosos para conhecerem tal ilha, a fim de explorarem-na e em busca de novas descobertas, que ninguém conseguiu encontrar. Entre eles, estava uma equipe de produção de jornalismo, que faria uma matéria no local, e o casal de estudantes que faria uma pesquisa para a faculdade. O que eles sabiam a respeito era que aquela Ilha causou um alvoroço no mundo todo, por seus mistérios escondidos. A mídia ficou em cima disso por um bom tempo, até que calara totalmente. Era esse o motivo principal, que levava esses turistas a conhecerem essa ilha. Mas mal podiam imaginar o que os aguardariam.



       Dentro do jatinho, além de Diana e James, estavam mais seis pessoas, que eram os turistas.

Formando a equipe de um jornal de Nova York estavam: 

San, o cameraman — um homem atrapalhado e um tanto engraçado, com o cabelo negro de aparência molhada colado na cabeça por gel, e que não sossegava nunca, mexendo daqui e dali em sua câmera profissional a todo o instante.

 Brian — um mulato forte, parecendo um lutador de boxe, que com sua força física se encarregaria de carregar os equipamentos. 

Stephany: a jornalista — a loira que há minutos aguardara Diana ansiosamente na pista de embarque, chegando ao extremo de pegá-la pelo cabelo pelo fato de ter atrasado um minuto para o voo. Esta tinha um jeito sexy de vestir, de andar e até mesmo de falar. 

Mário, também jornalista — usava um cavanhaque e era conversador; de origem brasileira, foi morar nos Estados Unidos aos quinze anos e por lá ficou até hoje, tendo recentemente vinte e seis anos, seguindo essa carreira que amava.

 Emily, fotógrafa, mas que também servia a equipe como colaboradora — uma morena não tão bonita, por ser meio desleixada, a começar pelo seu cabelo que estava amarrado pra trás formando um rabo de cavalo, e que não fazia questão de se maquiar, além de se vestir muito mal. Usava uma camisa que não combinava nada com a sua longa saia, chegando ao joelho.

Havia também um jovem casal de estudantes universitários, que partiram naquela viagem para fazerem um trabalho que valeria muitos pontos, envolvendo suas tão sonhadas profissões: geógrafos. Seus nomes eram:

Nathalie — com seus dezenove anos, era muito bonita, o cabelo tingido de vermelho intenso batendo na cintura, a pele clara e olhos verdes-esmeralda. E Thomas, o namorado de Nathalie — de vinte e um anos, ainda não aparentava ter barba, parecia um modelo de tão bonito que era, mas o que atrapalhava nele era certa expressão de crítica que tinha no rosto. Ambos não cansavam de se beijar.  

Já em altitude, James pilotava o jatinho, pertencente a seu pai, tranquilamente. Ele acreditava que a memória de seu pai estava sempre fixa e presente naquele jatinho e que nenhum outro, fosse ele o mais moderno e sofisticado que fosse, poderia substituí-lo. A fé que carregava naquela herança deixada pelo falecido era muito grande, e se algo acontecesse a este, viria a sofrer bastante. Pois nesses trinta anos de trabalho, o avião passou apenas por pequenos reparos e o tempo parecia conservá-lo cada vez mais, talvez devido ao cuidado especial e ao zelo recebido de seu mais novo dono.
James, desde pequeno, sempre amou aviões. O seu pai, que faleceu quando ainda era criança, era aviador. Pode ter sido esse o motivo que despertou esse interesse nele de seguir a profissão do pai. O que importava era que, com aquele par de olhos azuis, ele estava sempre ali, atento, diante do painel de controle do avião. Talvez, vivesse uma vida solitária, quando não estava em serviço, já que nunca havia casado e muito menos, tido filhos. Não que ele seja um homem sem amor, muito pelo contrário, James possuía um amor muito grande por seus animais. Na casa dele havia três cachorros, sendo um Pastor Alemão e dois vira-latas. O que não implica que não tenha seus relacionamentos, sobretudo, nenhum fixo. O que acontece é que o coração dele, em seu peito, batia forte por uma pessoa próxima, desde o tempo de colégio, mas que até então não tinha sido correspondido, tendo passado por diversas desavenças. E esta pessoa estava mais próxima do que ele imaginava. 

     Depois de algumas horas de voo, guiado por um GPS, James avistou uma ilha montanhosa e não teve dúvidas de que era a que tanto procurava. Diante de seus olhos, via lá embaixo um pedaço de terra, cercado por árvores de todas as espécies. Era uma ilha muito bonita, por sinal. Tudo tão verde, tão fascinante. Admirado, disse baixinho:

— É aqui mesmo! Chegamos.

Ventava muito, o que dificultava um pouco a James de encontrar um lugar seguro para aterrissar o avião. Teria que arrumar um lugar plano, porém não conseguia localizar. Em um momento, ele avistou atrás de umas árvores, um local que parecia ser adequado para a aterrissagem. Ele arriscou certo de que em instantes estariam no chão. Mas, um susto ocorreu, deixando todos dentro do avião em pânico. O avião batera sobre a ponta de uma árvore, fazendo com que um suor descesse da testa de James.

Diana tentava acalmar os turistas, estando ela, talvez, até mais nervosa que eles.
Passando as árvores, James deparou com um susto maior ainda. Não havia como aterrissar o avião naquele lugar que imaginava ser acessível. Próximo dali, existia um rochedo. O avião já estava muito baixo e seguia rumo aquele paredão de rocha. Se ele não fizesse algo, todos morreriam. Mas como James era um piloto de mão cheia, com muito esforço conseguiu inclinar o avião para cima, conseguindo escapar por pouco daquele rochedo. Aliviado, agradeceu a alma do pai pela benção recebida. Então, ele notou que por trás daquele rochedo que haviam milagrosamente escapado, havia um lugar plano, de mata rasteira; e o impressionante era que não havia nenhuma árvore por lá. Sorrindo, falou:

— Agora, poderei aterrissar sem medo. 

 Então, pousou o avião, dessa vez, sem nenhum esforço.

Todos já haviam perdido o susto. Stephany, quebrando a tensão que permanecera vagando na atmosfera, perguntou:

— Morremos e estamos no céu?

— Espero que sim — respondeu San.

Diana, preocupada com James, foi até a cabine vê-lo:

— Você foi um herói, James!

— É. Por um momento, imaginei que iríamos morrer.

Os dois saíram do avião e quando os turistas avistaram James, foram de uma vez só perguntando:

“O que aconteceu?”
“O que foi aquilo?”
“Como é que você fez?”

— Gente... acalmem-se! Nem eu sei bem o que aconteceu, foi tudo tão rápido. Eu só pensava que tinha que fazer alguma coisa, senão morreríamos. Só sei que se não tivesse conseguido desviar o avião a tempo daquele rochedo, estaríamos agora todos mortos.

— Galera, já que está tudo bem, vamos esquecer isso. Lembrem-se que viemos aqui foi para explorarmos a ilha e não, ficarmos aqui conversando. Temos muita coisa a fazer pela frente, não é? — falou Diana.

— É isso aí! — concordou Brian. — E eu terei que carregar todo esse peso, não é mesmo. — Ele se referia aos equipamentos de jornalismo, além das barracas desarmadas que seriam montadas no lugar escolhido, do qual serviriam como proteção do sol para alimentos, água e acessórios.

— Mas antes... — todos voltaram a atenção em Diana — queria dar uma palavrinha com vocês.

— Diga, senhora Campbell – disse Mário com reverência.

— Obrigada, Mário! Bom, o que eu tenho a dizer é breve, nada que irá tomar o longo tempo que teremos pela frente. É o seguinte: sei que alguns aqui presentes como o Mário e a Stephany — os dois citados fitaram Diana atentamente, ambos com as testas franzidas — já nos acompanharam antes em outras excursões para vários pontos do planeta. Já viajamos antes para a Amazônia, não foi?

Ambos confirmaram com a cabeça. Mário deu um suspiro que demonstrara saudade.

— Sim, a minha terra natal.

— Exato. Certamente os dois já devem ter falado com vocês sobre a minha forma séria de seguimento, onde me entrego de corpo e alma ao que eu faço: a minha profissão. No entanto, existe um pequeno detalhe nessa excursão que se diferencia das outras. Sei que já deixei isso bem claro antes de partirmos, mas repito que nessa excursão, em especial, estarei me misturando a vocês como uma turista. Porque que nem vocês, esta é a primeira vez que eu e James pisamos nesta ilha.  Então, tudo aqui pra mim também é muito novo.  Todos aqueles rumores da mídia, acredito que são apenas rumores. E assim como vocês, tenho as minhas dúvidas de que o governo americano tentara nos calar da verdade. E confesso estar muito curiosa em desvendar esse mistério, levar alguma novidade para o povo americano com a nossa volta. Ressalto ainda que além de minha profissão atual como guia turística, que nessa excursão infelizmente não ajudará muito, também sou formada pela Harvart[1] em biologia e geografia, tendo amplos conhecimentos sobre animais, aves, plantas e todos os tipos de vegetações. Então quaisquer dúvidas que tiverem ao longo de nossa jornada por essa ilha podem me perguntar sem hesitar, pois se tiver ao meu alcance, terei o prazer em responder.

— Eu não hesitarei em perguntar nadinha — murmurou San.

— Você não tem que perguntar nada, imbecil — desdenhou Stephany — Lembra-se que você está aqui apenas a filmar, mais nada. Seu único trabalho é segurar essa câmera e deixar que eu e o Mário fazemos as perguntas, ok? Ou você se esqueceu quem são os jornalistas aqui? — aproximando de San, a jornalista que além de sexy, demonstrou ter um comportamento venenoso, ergueu o dedo indicador no rumo do rosto do homem, sussurrando — Não se esqueça que fiz um favor pra sua esposa arrumando esse emprego pra você, e do mesmo jeito que te coloquei nesse cargo, poderei te tirar com um simples estralo de dedo.

TREC.

 San ouviu o estralo de dedos próximo ao seu ouvido e enrubesceu diante dos colegas, permanecendo cabisbaixo.

— Nós também iremos fazer muitas perguntas, senhora Campbell. Eu e minha namorada — disse Thomas, entrelaçando a namorada e lhe beijando o rosto — Estamos estudando para biólogos.

— Ah é? Isso é bom — Diana pestanejou, estudando rapidamente o rapaz que trajava uma roupa de grife, mesmo tendo se embrenhado numa ilha. Concluiu ser um desses mauricinhos que o pai banca a faculdade, além de sustentar com uma farta mesada — E por acaso você estuda na Harvard?

— Sim — respondeu o rapaz altivo. — Eu e minha namorada.

A moça deu um sorriso forçado.

Dessa vez, Diana avaliou o casal, suspeitando por suas expressões de que não tivessem levando nada a sério o árduo da faculdade. Virando-se para os outros, disse:

— Bom, acho que isso é tudo. Espero que essa excursão fica pra história. Desejo a vocês jornalistas, uma matéria formidável sobre essa ilha. E ao casal — Diana pronunciou “casal” com entonação no momento que presenciara o rapaz apalpando o bumbum da namorada — Entendo muito bem que são jovens e estão com os hormônios a mil. Mas se querem mesmo fazer uma boa apresentação na classe, prestais mais atenção ao que circula a suas voltas e deixam o momento de acasalamento para outro momento.

O casal voltou a se comportar prudentemente ao comentário da guia, mas não ligaram muito ao fato, continuando com a mesma naturalidade.

— Ah, e só mais uma coisa... — lembrou-se Diana.

— O que mais falta pra essa mulher falar? — cochichou Nathalie no ouvido do namorado, que finalmente demonstrou uma capacidade mútua de além beijar, também falar, mesmo que acompanhado por um muxoxo.

Sardônico, Thomas também soltou um muxoxo, abraçando a namorada por trás.

 —... Bem, em todas as excursões que eu, juntamente com James fazemos, — os dois se entreolharam, correspondendo com um sorriso — a gente faz uma oração a Deus pedindo a sua proteção. A gente sempre faz a oração antes do voo, assim que vamos embarcar. Porém eu e James esquecemos... Deus que nos perdoe! Sei também que isso não implica o fato de termos quase morridos a bordo — Diana não conseguiu repreender um riso e nem os demais. Ignorando alguns comentários, continuou — Mas agora que me lembrei, não nos custa nada fazer uma corrente numa oração pedindo a proteção divina e que tudo ocorra bem conosco esses dias que formos passar nessa ilha. Por que tudo aqui é um mistério e não sabemos o que iremos encontrar pela frente, não é mesmo? Então todos deem as mãos e vamos rezar uma Ave-Maria.

— Ai, que caretice! — desdenhou Nathalie, revirando os olhos.

Sobre contragostos de uns e devoção de outros, por fim o grupo deu-se as mãos e sequencialmente rezaram a oração imposta por Diana, debaixo de um sol cintilante que anunciava chegar ao meio-dia. No entanto, sequer imaginavam que um ser com uma visão extraordinária, capaz de enxergá-los perfeitamente há dezenas de metros os observavam perigosamente.


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[1] Uma das instituições educacionais mais prestigiadas do mundo, bem como a mais antiga instituição de ensino superior dos Estados Unidos.