Imagem criada pela parceira e blogueira Jéssica Resende
Bom pessoal, pensei bem e resolvi compartilhar com vocês o primeiro capítulo do livro, no momento em que os personagens principais Hilary e Ygor se conhecem. É só mesmo para despertar a curiosidade de vocês. Mas a coisa começar a ficar agitada mesma só mesmo a partir do quarto capítulo e isso vocês só poderão conferir ao adquirir o livro.
Lembrando que vocês devem ler o prólogo primeiro que encontra nesse blog. Pelo que tenho observado, as pessoas não estão lendo o prólogo e é de total importância.
Espero que gostem e deem uma nota sobre a minha forma de narrativa. Qualquer critica será muito bem vinda.
Até mais e boa leitura!
CAPÍTULO 01
— Alô! —
atendeu ao telefone, um rapaz robusto, moreno claro, olhos puxadinhos e pretos,
cabelo com um corte de militar e também preto, debaixo de um edredom estampado
por símbolos japoneses, vestido apenas de cueca boxe. Ele conversava
sonolentamente, com os olhos ainda cerrados.
— Ygor,
filhinho! Já arrumou o seu quarto? Não quero saber de bagunças aí em casa,
hein? — falou uma voz de mulher do outro lado da linha.
— Ô mãe, eu
acordei agora mesmo...
— Você não
levou mulher aí pra casa, não é?
— Não... Ô mãe,
onde você tá, afinal?
— Estou aqui no
Times Square[1]
te esperando para a excursão como havíamos combinado. Você se esqueceu?
Peraí... não acredito que você não se arrumou ainda Ygor?
— Nossa, mãe,
eu esqueci! — sobressaltou o rapaz, pulando de sua cama — E agora, o que eu vou
fazer? Será que dá tempo ainda?
— Seu
irresponsável! Nunca poderia esperar isso de você...
— Calma mãe, dá
tempo ainda.
— Se você se
apressar, quem sabe, né?
— Então tchau,
mãe - terminou o rapaz, metendo abruptamente o telefone no gancho.
— Droga! Eu
ainda coloquei a porcaria desse celular pra despertar — resmungou Ygor, olhando
furioso para um smartphone próximo ao
telefone fixo que havia conversado com a sua mãe, sob a mesinha de cabeceira. —
Eu devia jogar essa porcaria pela janela — ele pensou bem e sorrindo, disse —
Ou melhor, não devia não. Tenho contatos valiosos nesse celular.
Ygor só tinha
meia hora para se arrumar. Correu para o banheiro todo desequilibrado,
derrubando tudo pela sua frente. Por lá escovou os dentes e molhou o rosto na
água fria do lavatório. Voltando ao quarto, vestiu uma regata vermelha e uma
calça jeans, cujo se esqueceu de fechar o zíper. E ainda com o guarda-roupa
aberto, pegou a sua colônia favorita, espremendo alguns jatos pelo corpo. Ele
aproveitou ainda e enfiou de qualquer jeito algumas peças de roupa dentro de
uma mochila. Em seguida, agachou-se para pegar um par de tênis esportivo e calçou-os.
Sem tempo nem para tomar café, ao passar pela cozinha, devorou uma banana que
estava sobre a mesa numa fruteira, deixando a casca por ali mesmo. Comeria
alguma coisa no caminho. Depois, saiu do apartamento e entrou no elevador a
mil.
Para sua surpresa,
viu que dentro do elevador estava a garota mais linda de seu colégio: Hilary
Steven, filha de um dos empresários mais milionários de Nova York.
Não era exagero dele, Hilary era uma bela
jovem de cabelos lisos, compridos e negros; pele clara, como a de uma boneca de
louça; olhos verdes; seios médios, combinando com seu corpo escultural de 1,68 metros . Isso, sem
falar no seu jeito meigo de ser. Ele ficou todo sem jeito e ainda, quando viu
que seu zíper estava aberto, todo envergonhado, fechou-o.
A garota tomou
a iniciativa e, com um risinho no rosto, suavemente lhe cumprimentou:
— Oi!
— Oi, tudo bem?
— respondeu ele, ainda muito sem-graça.
— Tudo. E você?
— To bem. Só um
pouco apressado.
— Ah é? Você
está indo viajar?
— Sim — balbuciou
o rapaz, enquanto o visor numérico do elevador ia diminuindo a cada andar
percorrido, sem que ninguém entrasse. — Vou com minha mãe para uma ilha aí,
fazer uma excursão.
— Tá, mas que
dia você volta? — perguntou a moça, inclinando ligeiramente para mais próximo
do rapaz, apertando os olhos cintilantes.
— Eu não sei te
dizer — respondeu ele, estranhando a pergunta de Hilary, embora seu coração se
alegrasse — Quando minha mãe sai para essas excursões, ela costuma ficar por lá
uns três, quatro dias no máximo.
— Sei. Que pena!
É porque amanhã irei fazer uma festa em minha casa, para comemorar o meu
aniversário de dezoito anos. Inclusive eu vim a este prédio, porque tenho uma
amiga que mora no décimo segundo andar e vim convidá-la pessoalmente. Nós
fizemos aula de balé juntas e há muito tempo não a via. Ela se chama Victória,
conhece?
— Na verdade
não — respondeu o rapaz coçando a cabeça.
— Então, eu
pedi ao meu irmão para te dar o convite, já que vocês jogam futebol juntos e
frequentemente se vêem. — E lendo nos olhos de Ygor ela concluiu — Ai... eu não
acredito que ele não lhe entregou!
Ygor notou que
Hilary ficara ligeiramente nervosa e pode perceber que isso a deixava mais
bela.
— Não. Ele não
me falou nada não.
— Eu mesma que
devia ter te entregue o convite. Sabia que não podia contar com o imbecil do
meu irmão. Mas se você voltar amanhã e quiser ir lá, a festa começará às dez da
noite.
— Dez da
noite... Dez da noite!
— O que foi?
Você vai ficar aí? A porta do elevador já abriu.
— Ahn? Ah, é
mesmo! – respondeu o rapaz, desconcertado.
Hilary tampou a
boca com a mão, abafando o riso.
Saíram os dois
em silêncio do prédio e sobre a calçada, onde passavam pessoas muito apressadas
a ponto de atropelá-los, tratando de estarem no centro de Nova York, Hilary
perguntou a meio ao som de buzinas de automóveis, sirenes da policia e vozerio
dos pedestres:
— Você está de
carro?
— Não. O meu
está no conserto.
— É mesmo? O
que houve com ele?
— Hã...Bem, na
noite passada eu estava vindo de uma festa em um sítio. Daí, um cavalo
atravessou na minha frente. Então, para não atropelá-lo, acabei batendo em uma
árvore.
— Nossa! Você
se machucou? — ao fazer a pergunta, uma brisa soprou os
cabelos sedosos de Hilary para o seu rosto. Logo ela os desvencilhou para o
dorso, prendendo algumas mechas pra trás das orelhas delicadas.
— Graças a Deus
que não. Só que o carro amassou legal, viu.
— Ô meu
Deus!... E você pretende chegar aonde com pressa e a pé? Se você quiser, o meu
carro está estacionado logo ali, poderei te dar uma carona.
Ygor pensou
muito em dar uma resposta instantânea. O convite era bastante tentador, porém
em seu íntimo surgiu uma nova opção.
— Não, eu
agradeço... mas acabei de mudar de ideia aqui.
— Como
assim?
— Não irei mais
a excursão alguma com minha mãe. Já não estava muito a fim de ir, sabe? Passar
o dia no meio do mato deve ser um tédio. Então, prefiro ir a essa sua festa que
com certeza irá bombar.
— Êêêêêêêê!
Hilary começou
a bater palminhas de felicidade. Mas ao se sentir corar com aquela atitude
infantil parou de imediato. Logo, perguntou, retornando a postura de uma jovem
madura.
— Mas e sua
mãe, Ygor? Será que ela não irá ficar aborrecida com você, hein? Olha, eu não
quero estragar um programa entre mãe e filho. Longe de mim.
— Não se
preocupe. Vou ligar pra ela avisando que não vou mais. Ela irá compreender.
— Já que é
assim, vou contar com a sua presença lá, ok?
— Pode deixar
que vou ser o primeiro a chegar.
Ygor ficou
parado alguns instantes, vendo a garota dos seus sonhos caminhar até seu carro
que estava estacionado a poucos metros dali. Pensou e pensou, já imaginando a
bronca que tomaria de sua mãe pelo telefone. Sentia-se um tanto arrependido por
ter preferido ir a uma festa de última hora — mas que seria única, se tratando
de ser o aniversário de dezoito anos da irmã de seu amigo que tanto balançava
seus sentimentos — e não de ir àquela excursão planejada com muito carinho por
sua mãe. Continuou pensando um pouco e finalmente disse para si mesmo,
decidido:
— É, minha mãe
que me perdoa, mas nunca que eu perco um festão desses!
Assim como
ocorreu a Ygor naquela manhã, poderia ocorrer com qualquer pessoa em qualquer
momento do dia. Isso se chama “escolhas”. A nossa vida gira em torno de
escolhas, desde o momento em que acordamos até o momento que vamos dormir. É
cada indivíduo quem decide que após ouvir o barulho irritante do despertador
irá trabalhar ou não, quem decide se no café da manhã irá querer torrada com
geléia ou com patê; leite ou suco. Quem decide também se no almoço irá querer
algo mais leve, do tipo uma salada ou algo mais gorduroso como um bife volumoso
e suculento acompanhado por batatas fritas. Ygor fez a escolha dele. Decidiu ir
à festa de aniversário da irmã do seu melhor amigo, a quem tanto balançava o
seu coração ao invés de ir ao encontro com sua mãe para um programa planejado
há dias. Porém teria feito a escolha certa? Bom, isso só os dias poderiam
dizer. Mas mal podia imaginar que aquela escolha mudaria pra sempre a sua vida.
[1]
Famosa avenida de Nova York, sendo
melhor definida como um grande largo, composto por vários cruzamentos e
esquinas.